Roubado daqui:
O ninho da torre da igreja de Figueira Castelo Rodrigo, fotografado na
década de 1920 ou 1930 por A. Metelo Machado (à esquerda)
e em 2007 (à direita); o aro de metal, o mesmo (?) que o colocado à quase
um século ainda existe, sendo visível, ainda que com algum esforço
década de 1920 ou 1930 por A. Metelo Machado (à esquerda)
e em 2007 (à direita); o aro de metal, o mesmo (?) que o colocado à quase
um século ainda existe, sendo visível, ainda que com algum esforço
"...Esta Pernalta goza de especial estima entre o nosso povo, que não a ataca nem lhe destrói os ninhos, antes, pelo contrário, os defende, como sucedeu, por exemplo, em Figueira de Castelo Rodrigo onde um casal de Cegonhas fez um ninho na tôrre da igreja matriz daquela vila. Em certo dia de inverno, um temporal mais violento atirou a terra os garavêtos do grande ninho das Cegonhas. Os figueirenses lamentaram o facto e, não fôssem as Cegonhas, no seu regresso, abandonar a tôrre e irem nidificar algures, foi-lhe construída no alto uma armação de ferro, onde se repuzeram os garavêtos do ninho que a tempestade tinha desmantelado.
Na primavera seguinte as Cegonhas voltaram: instalaram-se no seu velho ninho agora mais sólido. E, com grande satisfação de tôda a gente de Figueira de Castelo Rodrigo, em cada ano, um casal de Cegonhas vem instalar-se no alto miradoiro da tôrre da sua igreja.
À amabilidade do Dr. A. Metelo Machado, advogado naquela vila beirã, devo o obséquio do envio pronto de uns postais com a vista da igreja matriz, onde se vê o volumoso ninho pousado na cúpula que remata a tôrre sineira. Segundo me informa êste distinto advogado, os figueirenses têm certa vaidade naquele ninho, considerando-o timbre da terra. A própria Câmara Monicipal todos os anos o manda compôr, de forma que, quando as Cegonhas regressam «no dia de S. Braz (3 de Fevereiro) ou mais tarde», encontram o ninho restaurado das injúrias dos temporais de inverno."
Santos Júnior
in "A Cegonha-branca (nota de etologia)", Naturalia (1939
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